Papai, tô namorando!!!


Para os humanos do sexo feminino, contar ao seu progenitor que chegou o momento em que foi iniciado o relacionamento amoroso com outro ser humano não é tarefa simples.
O momento é peculiar e exige toda precaução para não ser revertido numa catástrofe do patamar da queda das torres gêmeas. Afinal, para o nosso pai, o que mais é um namorado para uma filha senão um avião pilotado por um terrorista prestes a destruir a sólida estrutura construída anos a fio em um massacre de proporção internacional?
Pode ser que nem todos cheguem a ver dessa maneira, quando se considera o seu próprio caso, mas contar ao meu pai que eu estava namorando era o mesmo que entrar em total pânico e decretar o estado de calamidade pública no meu humilde universo hipotético.  Era com toda a certeza de meu ser, um dos maiores medos que sempre cultivei na vida, como uma granada que assim que fosse solta, explodiria e eu não sabia para onde meus restos mortais seriam jogados. Só que eu precisava soltar a danada.

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SOCORRO! CHAMEM UM ESQUADRÃO ANTIBOMBAS, POIS TEM UMA PRESTES A EXPLODIR!
Eu sabia que não podia mais adiar o momento. No desenrolar de meus 21 anos de vida, pela primeira vez eu tinha estado com alguém que merecia ser tão oficial a ponto de meu pai saber de sua existência. Rodrigo era o nome do corajoso guerreiro que queria não só namorar comigo, como também, colocar em conhecimento do meu patriarca, tal acontecimento. Por uma boa dúzia de dias, consegui protelar a ocasião, mas ele estava impaciente e achava errado tudo isso. Então, por mais que eu odiasse admitir, eu não era a favor de namorar assim, com medo de alguém conhecido descobrir e meu pai não ouvir de mim. Por isso demorei até pra colocar no Facebook, já que até aquilo podia me servir como prova de não ter contado o que estava se passando. Decidi que não queria mais deixar isso pra depois e vesti minha cara e coragem pra enfrentar a situação. Nesse post, eu conto o desenrolar desse fato épico na minha vida nem tão épica assim.
A primeira coisa que eu pensei era: eu precisava contar isso apenas a ele, sem ninguém conhecido por perto. Já era complicado demais lidar com essa coisa toda pra pensar em ter que lidar com a interferência de falas de outras pessoas. Tive então a ideia de inocentemente me convidar a passar um dia na empresa dele, porque afinal, eu estava muito “entediada” e queria ver Engenharia em ação. A verdadeira razão era que só assim para poder almoçar sozinha com ele e achar o momento certo de soltar a bomba. O dia estava marcado, seria no 25 de maio, um sábado, dia em que o trabalho costuma ser mais tranquilo.
Meu estômago começou a doer já na noite anterior ao grande momento.
No dia então, eu parecia uma rainha de tanto ir ao trono (e nesse caso, não há nada de glorioso no reino do banheiro). Quando eu ficava nervosa, costumava ter essa reação corporal, coisa que diminuiu com a idade avançando. Mas naquele dia, parecia que eu era uma garotinha de novo, morrendo de medo de contar uma besteira que tinha feito. Por mais segura que eu fosse de estar com um cara bacana, eu sabia que no fundo sentiria vergonha de contar isso ao meu pai. Imagine dizer ao seu pai que se está fazendo coisas que… bem, pessoas adultas fazem. Desde pequena lembrava de clássicas frases do meu pai, como:
1) Imagina só! Quando tiver um gabiru no meu sofá querendo pegar minha filha!
2) Daqui a pouco vou ter que ver essa menina com macho, veja se pode isso! Só depois dos 18, viu!
3) Quero nem saber de namoro ou safadeza por debaixo do meu teto não e quero avaliar bem quem é o meliante!
4) Só farei 5 perguntas a ele e já digo se presta ou não!
E foi assim que eu cresci, com medo, ouvindo vez por outra essas coisas.
A manhã daquele sábado passou se arrastando, enquanto eu fingia estar interessada em ouvir o que as pessoas falavam. A dor de barriga ia e voltava e eu usava a desculpa que estava com as coisas meio reviradas no meu corpo.
Quando eu dei por mim, estava sentada num restaurante do Shopping Costa Dourada, um lugar chamado Natrielli, com um ambiente bem agradável. De certo modo, a decoração do lugar serviu pra me acalmar um pouco, mas quando olhei o rosto do meu pai, falando com o garçom que já era seu conhecido, além da minha barriga ter quase dado um pinote de nervoso, minhas mãos começaram a tremer e suar. Sempre que eu tentava balbuciar alguma coisa, minha voz saía tremida também e eu gaguejava como se fosse a coisa mais normal do mundo. Já que estava desse jeito, resolvi deixar meu pai num monologo e alimentar a conversa apenas com acenos de cabeça, o que não era um problema já que ele adorava discursar sobre qualquer coisa que lhe viesse a mente. Os pratos de filé aos quatro queijos e filé a parmegiana estavam excepcionalmente deliciosos e mesmo com o nó que minha garganta fazia, ainda pude pensar em como era um desperdício comer uma comida daquela num nervoso daquele. Na minha mente, lembrei que minha irmã me aconselhou de contar na hora da sobremesa. Afinal, o doce na boca facilitaria o momento.
- E como cortesia da casa, oferecemos essa torta alemã para a senhorita, para que continue nos visitando. – falou gentil o garçom que nos atendia. Era recomendação do gerente todo esse tratamento para tentar cativar o cliente. Pena que ele não sabia que trazer a sobremesa logo significava apressar o momento da grande novidade.
- Hmm, você já tem espaço para isso? – disse meu pai, pegando uma colher para ele. Eu acenei e disse que já já aparecia. E resolvi desembuchar logo de uma vez tudo, antes que eu tivesse um ataque cardíaco.
- Pai. Preciso contar uma coisa. – disse eu, solene, mas me tremendo loucamente e tentando disfarçar.
- Diga. – respondeu ele também solene, com um rosto que tinha quase um sorriso, como se soubesse o que eu estava prestes a dizer.
- Bem, eu… Eu… Sempre… Eu sempre… Sempre prometi que… Bem… Quando eu namorasse, eu contaria logo ao senhor, não é? Pois então… Eu estou namorando. – disse eu num jorro engasgado e tremido de palavras.
- Ah, bom que você está me contando. Eu já estava esperando por isso. E aí, quem é ele? De onde você conhece?
- Bem… Ele …. eu conheci na UFPE…. Bem… Ele mora na zona norte aqui de Recife… Ele é ótimo, pai, tem bom caráter e se estou contando, é porque ele fez questão que eu fizesse isso… E também porque prometi né… – disse eu nervosa, nervosa, nervosa, como se confessasse um crime. Meu pai riu.
MEU PAI RIU.
A última coisa no MUNDO INTEIRO que eu esperaria era meu pai RINDO. Eu achava que ele estaria prestes a me internar num convento nesse momento.
- Bom, se é assim, tudo bem.
E PRONTO.
Simples assim. Ele mudou de assunto, continuou o monologo sobre o trabalho dele e não perguntou mais nada. Não reclamou nem procurou motivos para implicar. Terminamos o almoço, voltamos a empresa dele, o resto do dia passou e eu finalmente mudei meu status no Facebook para a alegria do meu namorado. O que mais me impressionou nessa foi que ele não disse nada. Eu e boa parte das mulheres do mundo morre de medo desse momento. E o meu foi até bem tardio em comparação com outras pessoas. Eu não sabia dizer se esse era um final feliz para essa história, mas definitivamente era muito suspeito. Sabe aquela coisa de quando a esmola é grande, o santo duvida? Era simplesmente tranquilo demais pra ser verdade. Cadê todo aquele papo sobre o gabiru no sofá?
Bem, isso foi até os 4 primeiros meses de namoro quando ele descobriu que Rodrigo apesar de todas as boas referências, usa um brinco na orelha.
E por conta desse fato besta, ele achou onde criticar.
- Contaram a mim que seu namorado usa brinco. É verdade? – e era exatamente esse tipo de reação que eu queria evitar quando decidi contar do namoro. Aliás, eu pretendia apresentar Rodrigo sem que meu pai soubesse desse detalhe do acessório auricular, afinal, isso não era determinante na personalidade dele, mas sim o quanto ele era uma pessoa boa. Resolvi que o melhor caminho nesse momento era a sinceridade, sempre preferi esse caminho aliás.
- Sim, pai, ele usa… Mas o que tem isso?
- Tem que isso denota coisa ruim, más tendências! Acho que você devia procurar outra pessoa para se relacionar.
- Não, não acho isso. O senhor precisa conhecê-lo antes de julgar por uma fofoca maliciosa que fizeram. Ele é uma ótima pessoa e eu não estaria com ele se não fosse assim! – e saí com raiva de perto porque simplesmente era retrógrado demais achar que um homem não presta por causa de um brinco na orelha.
Para continuar aqui na sinceridade, eu tenho muita vontade de apresentar Rodrigo oficialmente na minha casa. Meus irmãos já o conhecem e gostam dele, mas seria de muita felicidade para mim que meu pai, mesmo com o gênio complicado, conhecesse e visse o cara legal com que estou. Espero de verdade que algum dia esse momento chegue. Uma coisa comum como um simples jantar, faria toda a diferença.
Ter um blog é uma forma de exposição e eu sei que eu não sou famosa, nem nada do tipo, mas é uma forma de aparecer para o mundo dos outros e não só no meu “hipotético”. Sempre preferi manter meus relacionamentos amorosos como parte da minha vida privada que não precisava ser contada aqui, mesmo que rendessem várias vezes boas histórias. Quando eu conheci o Rodrigo, também pretendia evitar falar dele demais aqui, mas hoje, no dia que faz 5 meses que estamos juntos, decidi que não existe motivo pra esconder nem disfarçar nada.
Dane-se quem achar que é piegas, mas você, Rodrigo, ensinou a mim o que é o amor de verdade. Aquele que eu sinto e você sente por mim. Mesmo com todo o medo de você ser meu “gabiru” ou algo do tipo. Não tenho dúvida nenhuma de dizer que desde que estamos juntos, por mais que hajam momentos complicados como esses acima, todos valeram pois estou com você. Estou loucamente feliz com você. Estou loucamente vivendo de verdade a vida com você.
Estou loucamente apaixonada por você.
E não é porque esse aqui é meu mundo hipotético, não é porque na verdade esse post era apenas pra contar o momento engraçado e também nervoso de confessar sobre nós ao meu pai, ou falar do episódio da descoberta do brinco, que vou esquecer de usar esse espaço aqui pra dizer o quanto você é simplesmente demais. Não era pra ser uma declaração, mas terminou sendo, nunca planejo bem esses posts, apenas deixo as palavras virem. Te amo. Sabe aquela música “Videogames”, da Lana del Rey? É isso que eu queria terminar dizendo:

“Heaven is a place on earth with you, tell me all the things you want to do
It's better than I ever even knew, they say that the world was built for two
Only worth living if somebody... is loving you
Baby, now you do”
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O céu é um lugar na Terra com você. Mesmo com o sogro não favorecendo muito sua torcida. hehehe
Até a próxima! E vamos todo mundo ser feliz! Coração vermelho

Um comentário:

  1. Esse meu brinco.... mais polêmico que mamilos.... kkkkkkkkkk
    .
    Minha linda, gostei da declaraçao no fim, kkkkkkk.... oq vou falar aqui tu ja ta de saco cheiro de ouvir,
    mas vo falar mesmo assim!
    ja fazem 5 meses, tao rapido... parece q foi ontem q agente começou... ao mesmo tempo q parece q ja fazem anos...
    cada momento que passamos juntos eh uma bençao. Vc tem tornado meus dias menos sofridos, alias, tem os tornado
    MUITO mais felizes!!! agradeço td dia por ter encontrado alguem como voce, q tem tanto em comum comigo ( apesar de certas
    divergências) , e acima de tudo joga lol comigo, quero mais oq da vida? kkkkkkkkkkkkkk
    Antes de encerrar aqui queria fazer uma declaraçao....
    " TE AMO PORRA" , so os fortes entenderão... kkkkkkkkk ♥
    bjoo minha branquinha cheirosaa!!! que venham mts outros meses ! amo vc ♥

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