Uma praga nas amígdalas


Ultimamente, três vezes ao dia, eu faço a decisão entre comer e chorar ou simplesmente passar fome.
O ato de deglutir nunca foi tão doloroso em toda minha vida.
Eu já tinha sentido desconfortos antes, mas esse período na faculdade está de parabéns. Esse é provavelmente o meu recorde de doenças/mazelas ininterruptas.

remedios
Haja remédio! E água pra descer essa lapada de comprimidos…

Eu não sou de me lamuriar por conta de doença. Tanto é que a coisa chegou nesse estado justamente porque nunca acho que é algo sério e que logo vai passar naturalmente. Mas na terça, dia 9, quando eu fiz 21 anos e 4 meses, o limite foi atingido.
Eu mal conseguia falar, mal conseguia comer, ardia em febre diariamente e ainda por cima, estava com bafo.
Isso mesmo, caros leitores, eu que sou super noiada com manter minha boca limpa e cheirosa, estava com bafo. A doença tinha chegado nesse estado. Aí não tinha mais como protelar minha ida ao hospital. Era uma questão de honra(e de necessidade de sobrevivência). Imploro ao meu pai e ele resolve me levar no Unimed da Ilha do Leite.
O erro inicial: achar que era pra ir no Unimed 3, mas na verdade descobrimos já quando eu estava no consultório da emergência que o certo era o Unimed 1, pois tinha otorrinolaringologista(eita palavra gigante!) 24h por dia. Enquanto isso eu consumia mais e mais balas de menta que disfarçavam precariamente a situação, a dor e o odor que estava na minha boca, tudo vindo da minha garganta. Eu começava a achar que acabaria com todo o estoque de balas de menta da cidade de Recife.
Finalmente chegando no hospital correto, pegamos chuva do estacionamento para o interior do prédio. Afinal, eu andava bem sortuda em arrumar formas de adoecer e uma chuvinha devia não ajudar na recuperação ou até arrumar outra mazela pro time que estava jogando. Esse era só o ápice, pois antes eu tinha adoecido e passado uma semana inteira derrubada em casa com um monte de coisa ruim que dá até preguiça de descrever. Mas como essa tinha passado, eu achava que a garganta também melhoraria, só que meu corpo não foi forte o bastante e cheguei ao extremo de ir ao médico, coisa raramente feita por mim(e que confesso ser errada). Sou dessas que apenas na última instância vai buscar ajuda e dessa vez não deu pra deixar pra lá.
Chegando na recepção do hospital, lá vem o primeiro desafio. Meu pai estava procurando um lugar com sinal para fazer uma ligação e eu precisava passar meus dados para o atendente. Minha voz era um sussurro baixo. Parecia que eu fazia a dublagem de algum vilão sinistro de filme de terror. O gentil atendente obviamente não entendeu o que eu queria dizer, logo, passei minha identidade pra facilitar as coisas e debilmente apontei os dedos pra minha garganta para sinalizar que eu não estava em condições de proferir uma frase claramente. Ele sorriu, tentando mostrar simpatia com a minha situação e eu acho que sorri de volta, mas não sei ao certo se não pareceu que eu entronchava os lábios para ele. Depois de um tempo que pareceu longo demais, tempo esse que me permitiu ver uma pizza com uma cara deliciosa no programa da Ana Maria Braga e me fez ficar com mais fome e tristeza por não conseguir comer, chega minha hora de ser atendida. O medo percorre minhas veias e eletriza minha pele, meus pelos ficam arrepiados. O que raios eu tinha?
Meu pai me acompanha enquanto entro timidamente no consultório do doutor. Ele pede para que eu sente e obedeço. Ele age friamente, não demonstra emoções e olha pouco para mim. Presumo que esteja cansado ou simplesmente atende com certo afastamento do paciente. Ele então olha pra mim e pergunta meu nome.
- Então, como você se chama?
- …. Da..ni…e…la…. – e é assim que consigo dizer meu próprio nome.
- Certo, Daniela, o que você está sentindo?
- ….Dou..tor… estou… prati…camente…sem… conseguir… falar…tudo… dói…… – faço o maior esforço do mundo mas ele não consegue identificar as palavras que estou dizendo. Meu pai então fala por mim.
-Olhe, doutor, ela está sem conseguir falar, comer, beber, diz que a garganta dói muito e anda com febre e fraca. Veja aí o que essa menina tem!
- ….E….doutor… eu… estou… até… com… mau… hálito…. por… favor…. me… ajuda…! – acho que o médico entendeu meu desespero principalmente com a parte do hálito, isso era o que me dava mais raiva, apesar de eu dever sofrer mais com não conseguir comer, beber e etc.
- Ok, sente ali naquela cadeira que vou examinar. – disse o doutor ainda sem mostrar emoções. Sentei, abri minha boca o máximo que pude e vi então o queixo do médico cair.
- Meu Deus, é um caso de amigdalite bacteriana gravíssimo!
E nesse instante eu vi o médico expressar finalmente emoções: choque e preocupação. Acho que ele começava a sentir pena da paciente, no caso, a coitada aqui. Sentou-se na mesa e começou a escrever freneticamente numa letra que eu não conseguia traduzir, muito menos ler.
- Olhe, vou passar esse coquetel pra você tomar, siga as instruções que vou te dar e volte aqui depois pra eu examinar novamente! – e foi me passando os detalhes de como eu deveria tomar os remédios. Remédios esses que tive que procurar com meu pai em três farmácias até encontrar, porque estavam em falta. Foi aí que senti o falso consolo de achar que essa doença era bastante comum, por isso os remédios deviam ter acabado nas duas farmácias anteriores. Mas era só coisa da minha cabeça mesmo.
Assim que comecei o tratamento a coisa melhorou bastante. No dia seguinte, eu já me alimentava bem, o meu hálito estava cheiroso novamente e minhas amídalas começavam a desinchar. Tudo estava tão as mil maravilhas que até me dei ao luxo de comer meia pizza grande(cortesia da vontade que deu depois de ver o programa da Ana Maria Braga).


Quem olha pra essa cara de felicidade fazendo gordice nem imagina como estava antes…

Mas eis que naquele caminho de felicidade em busca da recuperação, as coisas pioram novamente.
Meu antiinflamatório acaba e mesmo quando ainda o tomava, nos últimos comprimidos, o efeito parecia não mais ser notado. E assim, ontem, na terça, dia 16, estava eu de volta ao consultório do médico.
Dessa vez eu conseguia falar, mas beber e comer estava a coisa mais dolorosa do mundo. Eu passava o dia bem, mas na hora da refeição, chorava pra descer a comida. Chegou ao ponto que eu não conseguia mais engolir nada porque a dor era insuportável. Eu estava ficando desidratada e não comia há mais de 24h. Tinha que apelar e voltar ao médico pra ver o que aconteceu.
- Bem, Daniela, vejo que seu estado melhorou muito e não vejo razão pra toda essa dor. É o desconforto natural porque você está se curando. Vou passar uns analgésicos pra dor e também um spray pra você borrifar na área antes de comer e aliviar a dor.
- …. – no fundo eu não acreditava que era só isso, mas o médico tinha se lascado pra fazer medicina e estar ali, logo, resolvi confiar nele. Mais uma vez fui comprar remédios e agora estava com aquela quantidade enorme que vocês podem ver na foto do começo do post. O mel com própolis e a vitamina C são recomendações do meu pai, afinal, ele se acha um pouco médico também.
- Veja bem, doutor, ela pode tomar mel com própolis e Cebion? O senhor acha que vai ajudar?
- Olhe, acho que nesse ponto não tem utilidade não, não precisa. Ela precisa é ficar quieta e descansar uns dias, sem se exceder.
Meu pai escutou aquilo calado. Ele se acha entendido de todos os assuntos e pensa que mel e Cebion são milagrosos para praticamente qualquer tipo de mazela. Logo, ele ficou chateado com o médico.
- Médico burro! – disse ele no carro. – Médico gosta é de passar remédio, mas coisa natural nunca! Pois pode tomar também o mel e o Cebion, quero ver se não melhora! – enfatizou meu pai irritado na volta pra casa. Na minha cabeça, eu defendia o doutor, afinal ele sabia o que estava fazendo, mas preferi ficar quieta para não arranjar confusão.
Tudo comprado, essa sou eu ainda em tratamento. Tomando todos esses comprimidos e mel e ainda Cebion. Implorando pra que essas doenças parem de aparecer e que essa tenha sido a última.
Fazendo o curso de engenharia, ficar doente não é um luxo que podemos nos dar. Tendo um namorado, ficar doente também não é um luxo que podemos nos dar. Tendo um blog… Bem, isso aí até que podemos administrar.
Com todos esses acontecimentos, mesmo eu que não sou supersticiosa, só posso pensar que:
JOGARAM UMA PRAGA EM MIM!

PS: Olha só, quase rolou um ensaio da “amigdalite bacteriana”, mas achei muito depressivo fotos assim, então vai só como um PS mesmo hahaha
Untitled-1
Quem disse que doença não é um bom tema de foto? Até parece.
Espero que na próxima eu esteja com uma saúde melhor! Até lá! Alegre

3 comentários:

  1. puxa dani que azar, hahahahahaha
    espero q vc melhore logo, dor na garganta ninguem merece né?!?! kkkkk

    abraçooos

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  2. mesmo dodoi é uma gatinha kkkk

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