Quando o amor se vai
Cada olhar, gesto, palavras tuas eu captei profundamente, em busca de uma esperança de um dia ser o teu porto seguro. Às vezes achei que vi isso, mas terá sido alucinação minha? Ilusão? Busca do que não existiu. E cada abraço de despedida nas escadarias eu tentava te falar o inevitável: eu te amo. Mas ficava engasgada na minha garganta. Doía só de pensar.
E quando eu menos esperava, ficamos juntos numa maravilhosa e infeliz noite de bebedeira. Reanimando assim um coração carente, até mesmo doente. E cheguei a pensar que ali seria o marco patético, que no futuro riríamos, de uma vida a dois. Coitada! Tão iludida que sofreu mais que o dobro que ele merecia.
E por mais que me alertasse para não entrar nessa roubada, mais o meu desobediente coração ia fundo. Iniciou-se então a busca frenética pelo teu amor. Horas parecendo que as coisas melhorariam, horas parecendo que nada mais ia acontecer, mas em todo o momento a esperança em chamas. Negava-me em não batalhar por ti e pelo amor que sentia. Fui fundo, até demais.
E então aconteceu o inevitável! Gritei aos quatro cantos: TE AMO!!! Não escutou? Gritei novamente para não restar dúvida. E mais uma vez. E outra. E outra...
Algo estava errado, ele não me escutava, não queria me escutar ou escutou e não deu importância. Ou pior, eu estava cega para a realidade dos fatos. Muitas pessoas tentaram me alertar que tinha a ex na jogada. Escutei? Óbvio que não.
Cheguei ao ponto de me humilhar para ti. Pedir, quase implorar para mais uma noite nossa. E você se esquivou. Não disse nem que sim, nem que não. Apenas que tinha muitas coisas em jogo. E logo eu soube que era ela. É óbvio que era ela. Mas que tava distante, tão distante.
Decadência total. Mas mesmo assim você parecia dar sinais de que se importava comigo. Eram de verdade ou apenas a maldita carência que nos ataca miseravelmente? Responda-me, por favor. E mais uma vez, respostas evasivas.
Debilmente tive o trabalho de juntar nossos amigos para comemorar o nosso reencontro e o que fazes? Traz-me a outra junto. E miseravelmente você a beija na minha frente. Suas mãos se entrelaçavam. Seus olhares se encontravam como uma jura de amor. É, você acabou de fuder ainda mais com um coração já tão maltratado.
Satisfeito com isso? Claro que não! Ainda foi pouco. Sempre se pode acabar mais ainda com uma pessoa. Quando tentei não te dar importância, ficasse indignado. Como se fosse um absurdo eu querer preservar o que restava de um coração (apenas estilhaços espalhados em todos os lugares). E mais uma vez acreditei que pudéssemos dar certo. Enganada! Como eu estava enganada!
E nas tuas idas e vindas com a outra, eu sofria, mais que vocês dois juntos. Esperava egoistamente que num desses términos houvesse um espaço para mim no teu coração. Era tão claro que não tinha. Mas a cegueira estava presente em todos os momentos de conflito. Por mais que eu tentasse me libertar de ti, eu não conseguia. Eu te queria, te quero.
No meio dessa bagunça sentimental infindável, mais uma vez você me dá uma lufada de esperança. Saímos sob um belíssimo luar, a caminhar na praia. Escutamos músicas românticas, um senhor nos diz que somos um belo casal... Obrigada, mais uma dose de esperança, uma dose de você. E cada tragada, gole, cheirada, ou como preferir, mais eu me viciava. Mais eu te queria. Mais eu dependia de ti. E nessa penúltima despedida, me falas: haverá outras dessas.
Era disso que eu precisava. Uma overdose. E fiquei lamentavelmente a te esperar. Mesmo sabendo da ainda existência da outra. Não direi que fui santa e casta. Não fui, busquei outros, enquanto não me davas notícias. A angústia da espera me corroia. E na busca frenética e desesperada de ti em outros, jogam-me uma bomba. Estais com a ex! Isso aí, mais uma vez com a ex. Enquanto eu te aguardava, eu me anulava em função de ti, estavas em plena felicidade com outra. Estavas beijando os lábios que não eram os meus, abraçando um corpo que não me pertencia. E nosso encaixe que parecia perfeito, me soou patético.
Aquela sensação de desamparo, desespero, dor me veio como um tsunami. Soube que estavas muito feliz, obrigado. E eu amargando na infelicidade, na minha própria decadência. Senti-me violentada. Ferida. Fudida. Agora era para sempre.
E num ato de desespero, te chamei. Desculpa: buscar o material que me desses para guardar para ti. E mais um encontro, mais uma vez pisando no meu coração. Fui fria e polida o máximo que eu pude. Quis mostrar a minha “superação”. A que nunca existiu. E aqueles abraços apertados e longos, viraram um mero aperto de mão. E aquela troca de olhar intensa que me deixava embriagada, confusa, agora é desviada, evitada, perdida, inexistente.
Tento ainda buscar uma resposta para tudo isso. Um culpado, talvez. Não existe um culpado. Se existir, esse criminoso é o coração, que flecha as pessoas erradas. E em meio a tantas teorias, a melhor e a mais confortante é que inconscientemente, me fizesses de estepe para um possível amargura a que venhas passar. Mas é claro. Éramos amigos íntimos. Se tu não me quiseste para nada, terias me dito um doloroso NÃO. Mas seria definitivo. O que fizesses foi se esquivar das minhas declarações, de mim. Guardaste-me para um momento de fraqueza, de carência. Apenas um oi num chat, eu já te perdoaria por toda dor e sofrimento que embarquei ao te amar.
E com esse teu novo velho amor, seu que não tens espaço para mim. Adeus! Aqui é o fim. O nosso fim. Era uma vez nós dois. Uma história que nunca existiu de verdade.
Hn...caramba..
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